27/06/07

C20: Revolução no Ensino Secundário

Há poucos dias, o governo português anunciou que no próximo ano lectivo, a partir de Setembro, todos os estudantes do 10º ano, os professores e os trabalhadores inscritos no programa Novas Oportunidades terão a possibilidade de adquirir um computador portátil e aceder à internet a preços reduzidos.

Esta iniciativa, que pretende atingir meio milhão de pessoas nos próximos 3 anos, é possível graças ao acordo feito entre o Estado e os operadores que vão explorar a rede de comunicações móveis da 3a Geração.

O plano prevê a criação de três escalões para os estudantes, que pagarão o computador e o acesso à internet de acordo com os rendimentos do agregado familiar. A posse dos computadores só será definitiva para os alunos que concluirem o 12º ano.

Na minha opinião, este é um plano arrojado, que trará resultados positivos rapidamente, uma vez que irá provocar profundas mudanças no ensino secundário e vai obrigar o Estado, os professores e os alunos a mudarem a sua postura, tanto por iniciativa própria, como pela força que cada uma das outras partes exercerá.

Os alunos terão a possibilidade de gravar as aulas em aúdio e video e revê-las sempre que pretenderem, de trocarem apontamentos e esclarecerem dúvidas com os colegas a qualquer hora do dia, de pesquisarem e prepararem os trabalhos que necessitam para outras disciplinas nas aulas de substituição e de assistirem às aulas a partir de casa quando estão doentes.

Os professores poderão disponibilizar os conteúdos das aulas em sites pessoais ou da disciplina e poderão preparar as aulas de outra forma, já que os alunos poderão aceder à internet durante as aulas. Além disso, também poderão dar apoio aos alunos através da internet a partir de qualquer local e receber os trabalhos através do correio electrónico.

O Ministério da Educação também será forçado a reformular o modo como devem ser ministradas as aulas e a rever os conteúdos dos programas.

Algumas das ideias que falei anteriormente não são novidade para muitas escolas. No entanto, esta iniciativa do governo permitirá a massificação de todas essas práticas, com benefício para todas as partes: os alunos sentir-se-ão mais motivados, os professores poderão acompanhar melhor os alunos e poderão utilizar diferentes suportes durante as aulas e o Ministério da Educação poderá, em conjunto com professores, pais e alunos, tornar o ensino mais interessante e apelativo e menos burocrático e centralizado.

Além do governo, dos professores e dos alunos, outros agentes do sistema educativo também terão de rever a sua abordagem, como, por exemplo, as editoras escolares, que terão uma nova oportunidade de negócio e uma ameaça. Por um lado, poderão desenvolver e vender novos conteúdos multimédia através da Internet, mas por outro, terão de saber lidar com as modificações que os livros escolares irão sofrer.
Como em todas as revoluções positivas, existem sempre pessoas que procuram salientar os aspectos negativos e nesta iniciativa do governo não tem sido diferente.

É óbvio que nem tudo correrá a 100%: alguns dos computadores serão utilizados para troca de ficheiros ilegais (nomeadamente música), para a navegação por sites com conteúdos pouco aconselháveis e para a instalação de programas ilegais e corre-se também o risco de algumas pessoas que já têm computador em casa se aproveitarem para ter outro computador mais barato. Conforme já referimos em programas anteriores, os pais devem vigiar o que os filhos fazem nos computadores e por onde navegam na Internet, para evitar problemas e para os orientarem melhor.

Apesar destas situações negativas, o balanço final só poderá ser muito positivo e nem é preciso esperar pelo futuro para poder afirmar isso sem qualquer relutância.

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